É tempo de (re)agir

Manuel Rodrigues

O AbrilAbril informou na semana passada que, após uma Reunião Geral de Alunos realizada no passado dia 25 de Fevereiro, estudantes da Escola Secundária de Sampaio, em Sesimbra, estavam a ser ameaçados com sanções disciplinares por exercerem liberdades democráticas. 

A acção desenvolvida pelos estudantes seguiu todos os trâmites legais, tendo por base o artigo 32.º da Lei Geral do Associativismo Jovem. Ou seja, os jovens convocaram a reunião, recolheram 224 assinaturas (o correspondente a 25% dos estudantes da escola) e, como tal, reuniram todas as condições para criar um espaço de discussão democrática. 

Foi na sequência destes acontecimentos que agora se soube que dois estudantes do 10.º ano, que estiveram envolvidos na organização da tal Reunião Geral de Alunos, foram suspensos, após terem recusado a realização de trabalho comunitário com que haviam sido – injustamente, sublinhe-se – castigados.

Os jovens em causa fizeram, entretanto, saber que não irão desistir de lutar pelos seus direitos e pelas liberdades democráticas que aquela escola tão flagrantemente atropelou. Decidiram resistir e reafirmar que «os estudantes não podem continuar a ser infantilizados e prejudicados por lutarem por uma escola pública, democrática e de qualidade».

Estamos perante uma situação em que alguns, de manhã, choram (ou melhor, fingem chorar) a fraca participação juvenil e, de tarde, tudo fazem para a impedir. Mais um triste exemplo do atropelo ao exercício de direitos democráticos previstos na Lei e que a Constituição da República garante.

O grande capital, cujos interesses saíram reforçados das recentes eleições legislativas, faz os seus planos para novos ataques aos direitos e para subverter o regime democrático. Aos trabalhadores, ao povo, à juventude, aos democratas e patriotas, independentemente do sentido do seu voto, está colocada a imperativa necessidade de (re)agir, de unir forças, de resistir e tomar a iniciativa nos combates que urge travar. É que, quando um direito é atacado, entre as vítimas estará sempre a maior parte dos que votaram nos que se servem dos seus votos para abater esses direitos. E, ao fazê-lo, não terão qualquer contemplação, nem lhes perguntarão em quem votaram.

E, nessa altura, essas vítimas aperceber-se-ão que, ao seu lado (ou melhor, à sua frente), para lutar em defesa dos seus direitos, terão, como sempre tiveram, o PCP, a JCP e a CDU.



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