Munidos de projecto alternativo e um rumo claro!

Belmiro Magalhães (Membro da Comissão Política)

A CDU é a força de esquerda no Poder Local

Na sequência das eleições legislativas, o Comité Central esteve reunido. O objectivo foi avaliar a situação resultante das eleições e definir linhas de trabalho mais imediatas. Com o agravamento da correlação de forças na Assembleia da República, as circunstâncias são agora mais exigentes para a intervenção do Partido. A eleição de mais deputados da AD, Chega e IL, agravada pelos sinais de maior demissionismo do PS, que se soma ao desnorte e ilusões de outros, permitem antecipar que o capital tentará aproveitar a oportunidade para levar ainda mais longe a agenda retrógrada, neoliberal e anti-social, e do ataque aos direitos, às liberdades e à Constituição da República. É um quadro complexo mas não é inultrapassável.

O Partido levou a cabo com grande êxito comícios e grandes iniciativas com o Secretário-Geral em Gaia, Sintra, Almada e Baleizão. Decorrem reuniões e plenários de organismos e organizações partidárias. Aprofunda-se a reflexão sobre o momento presente e a resposta política e social que se impõe.

Nenhum dos grandes problemas que atinge a vida do povo e dos trabalhadores ficou resolvido com as eleições e a nova correlação de forças favorece opções que ainda agravarão mais a situação existente. Para mais neste quadro, não é preciso esperar pela nomeação do Governo da AD para saber ao que eles vêm. Por isso, o PCP tornou pública a intenção de apresentar uma moção de rejeição ao Programa do Governo, marcando um posicionamento firme e combativo à política que querem agravar, mostrando um caminho alternativo que é possível concretizar. Esta iniciativa parlamentar tem ainda outro mérito, é a única forma de forçar à votação o programa do novo Governo e à clarificação das várias forças políticas sobre a viabilização do mesmo. Sem a moção de rejeição, o programa do novo Governo não é votado pela Assembleia da República.

É hora de tomar a iniciativa, agir, organizar, mobilizar, abrir novos caminhos. Este não é o momento de esperar para ver, este não é o momento para encolhimentos ou hesitações. A maior parte dos que deram o seu voto à direita serão também vítimas da sua política. Partindo da realidade concreta, importa continuar a construir a resistência necessária. O povo português, autor de Abril, vai retomar mais cedo ou mais tarde os caminhos que a Revolução abriu.

Com as eleições autárquicas no horizonte, a CDU é a força de esquerda no Poder Local. Pela frente temos ainda muito por fazer na construção das listas aos municípios e às freguesias, agregando comunistas, ecologistas e tantos e tantos outros que querem o melhor para as suas terras. Há por aí alguns que, perante as suas próprias dificuldades e falta de implantação, pretendem aproveitar o quadro mais geral para passar a já gasta ilusão de que a solução passa por somar siglas e pela dissolução da força mais consistente. Partindo da situação concreta de cada terra, das provas dadas de Trabalho, Honestidade e Competência, do prestígio local dos candidatos, do seu projecto distintivo, a CDU é a frente unitária e popular que importa alargar, num amplo trabalho de contacto aberto com tantos quantos for possível.

Na Resolução Política do XXII Congresso, em Dezembro passado, concluímos: «Face à situação actual e à sua evolução impõe-se dinamizar a acção do Partido de forma integrada, envolvendo: a afirmação do Partido, da sua identidade comunista e do seu projecto; a iniciativa, a ligação aos trabalhadores e às massas populares; uma ampla iniciativa política, incluindo no plano institucional, que responda aos problemas mais urgentes e afirme a política alternativa patriótica e de esquerda; a intensificação da luta dos trabalhadores e das populações; o fortalecimento das organizações e movimentos de massas; o trabalho com democratas e patriotas; o reforço do Partido.»

Este é o tempo da afirmação da ruptura e da alternativa que o PCP e a CDU representam. A situação evidencia ainda mais o papel decisivo da luta dos trabalhadores e do povo, a necessidade da acção comum de democratas e patriotas, a importância da CDU e da sua intervenção na Assembleia da República e nas autarquias locais.



Mais artigos de: Opinião

Palestina: vigilância e luta

Há situações em que a classe dominante tem de mudar alguma coisa para que tudo fique (ou procure que fique) na mesma. É o que nestes dias tem acontecido com múltiplas declarações de dirigentes de grandes potências da União Europeia, e não só, a distanciar-se verbalmente do criminoso bloqueio à entrada de ajuda alimentar...

À bomba e à fome

As imagens têm circulado, embora poucas vezes cheguem aos noticiários, e nunca com o destaque que mereciam: crianças prostradas, de olhar apático e tão esqueléticas que os contornos dos ossos se revelam sob a pele. De parecido só vimos, na História, os sobreviventes dos campos de concentração nazis em 1945 ou as crianças...

É tempo de (re)agir

O AbrilAbril informou na semana passada que, após uma Reunião Geral de Alunos realizada no passado dia 25 de Fevereiro, estudantes da Escola Secundária de Sampaio, em Sesimbra, estavam a ser ameaçados com sanções disciplinares por exercerem liberdades democráticas.  A acção desenvolvida pelos estudantes seguiu todos os...

Nininho, a Azambuja e outras canções

A Câmara Municipal da Azambuja contratou Nininho Vaz Maia para o maior concerto da bicentenária Feira de Maio, festa com impacto em toda a região. Nininho Vaz Maia é um músico com carreira em crescendo nos últimos dez anos, com muitos concertos e presença em populares programas televisivos. Cigano, tem vários sucessos...

Os lucros dos grupos económicos não são “notícia”

Este título não é rigoroso. Com uma simples pesquisa encontramos pequenos apontamentos sobre os lucros das principais empresas a operar no país. É o caso dos lucros da ANA – Aeroportos, empresa controlada pela multinacional francesa Vinci, que no ano passado atingiram um novo recorde de 511 milhões de euros, mais 22,5%...