Manifestações pela paz
«Não à guerra
dos imperialistas»
Milhares de pessoas manifestaram-se em várias cidades europeias respondendo aos apelos de diversas organizações contra a «guerra imperialista».
Na passada quinta-feira milhares de manifestantes desfilaram desde o centro de Atenas até ao parlamento grego, respondendo ao apelo do Partido Comunista Grego (KKE) contra a «guerra imperialista». Os manifestantes gritaram palavras de ordem como «Americanos assassinos dos povos», «hoje como ontem, os terroristas são os imperialistas» e «os povos não são terroristas», informou a agência Lusa sexta-feira.
Constituída por uma maioria de simpatizantes comunistas, mas também por militantes da extrema-esquerda e anti-mundializaçäo, a multidão, onde se viam muitos jovens, era precedida por uma fila de mulheres vestidas de negro com cartazes proclamando «terrorismo = NATO + CIA».
Palavras de ordem tais como «Não à guerra dos imperialistas», e «Bush é o terrorista», «Não ao terrorismo mundial da NATO, UE e EUA», figuravam nos cartazes.
No final do protesto, os manifestantes entregaram no parlamento uma moção reclamando a suspensão «das preparações de guerra», a oposição a qualquer envolvimento do país, e denunciando a «ameaça de uma violação das liberdades populares». «Esta manifestação do KKE está no quadro da legalidade, mas é claro que o nosso governo, os partidos políticos e o povo tomaram claramente posição na luta contra o terrorismo», fizera questão de sublinhar o porta-voz do governo, Dimitri Reppas.
Similares demonstrações de protesto tiveram, também, lugar em outras cidades gregas como Chania, Ionnina, Arta, Kavala, Patra, Kalamata, Volos e Thessaloniki.
Entretanto, um dos maiores jornais da Grécia o «Ta NEA» publicou esta semana um inquérito feito à população onde se colocava a questão da intervenção militar dos EUA no Afeganistão: 86,2 por cento da população está contra; 7,7 por cento são a favor e 6 por cento não responderam. Em relação à participação da Grécia nas operações da NATO, as respostas foram as seguintes: 72,1 por cento estão contra; 21,3 por cento são a favor e 6,6 por cento dos inquiridos não responderam.
Em defesa dos povos
No passado fim-de-semana, cerca de seis mil pessoas manifestaram-se em Amesterdão, respondendo ao apelo de organizações pacifistas, de partidos políticos e grupos religiosos, agrupados numa «Plataforma contra a nova guerra» no Afeganistão.
Frases como «não à guerra», «Islão não é inimigo» podiam ser lidas nas brochuras distribuídas pelos manifestantes, que fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas dos atentados a Nova Iorque e Washington.
Já em Genebra, mais de duas mil pessoas protestaram também contra as operações militares no Afeganistão, em frente à sede das Nações Unidas na Europa.
Na cidade de Paris, uma multidão manifestou-se pelo «direitos das mulheres no Afeganistão» e sublinharam que as represálias dos EUA no Afeganistão vão fazer, decerto, mais vítimas inocentes. Em Rennes, cerca de 800 pessoas desfilaram no centro da cidade gritando «abaixo os talibãn, viva o povo afegão». «Nós não aprovamos que o povo afegão seja punido, quando é já a primeira vítima, disse um dos organizadores do protesto.
Também em Nápoles pelo menos 20 mil militantes pacifistas manifestaram-se «contra a guerra e o terrorismo» pelo receio de uma resposta norte-americana ao ataque terrorista de 11 de Setembro. A marcha foi aberta por manifestantes com bandeiras palestinianas, seguidas da bandeira do Curdistão e de um cartaz a favor do líder turco Abdullah Ocalan, encarcerado pelas autoridades de Ancara.
No outro lado do oceano, cerca de mil pessoas participaram na marcha «Brasília
pela paz», organizada por mais de 50 entidades e associações
civis e religiosas. Os manifestantes desfilaram pelo Eixo Monumental de Brasília
a favor da paz e da vida, contra o terror e o conflito armado.
«Avante!» Nº 1453 - 4.Outubro.2001