
Vozes dissonantes
As críticas mais severas à política belicista
de Washington vêm dos próprios EUA e do seu mais fiel aliado, a
Grã-Bretanha. A imprensa alternativa dá-lhes voz, a internet leva
as suas reflexões a todo o lado. No coração do imperialismo
também existe bom senso.
- «Seria uma visão totalmente tosca dos EUA pensar que os atentados
poderiam levar os governantes dos EUA a enxergar subitamente a injustiça
de suas políticas.»
Michael Albert e Stephen Shalon, jornalistas da revista Z-Mag.
- [Os EUA] «Sustentam regimes autoritários (como o da Arábia
Saudita), que garantem às companhias norte-americanas lucros mastodônticos
com petróleo (...) Quando actos terroristas são cometidos por
amigos dos EUA, como os massacres de Sabra e Chatila, supervisionados por
Israel, nenhuma sanção é adoptada. Mas sanções
como as impostas ao Iraque, que provocam a morte de centenas de milhares de
crianças inocentes são vistas como "válidas".»
idem, ibidem
- «Os Estados Unidos são o principal poder do mundo. Promovem
um sistema económico global de enorme desigualdade e incrível
miséria. Exibem a sua arrogância quando rejeitam e bloqueiam
o consenso internacional em temas que vão da protecção
ao meio-ambiente aos direitos das crianças, às minas terrestres,
a um Tribunal Penal Internacional e à militarização do
espaço.»
idem, ibidem
- «Seria cruel [falar sobre os crimes dos EUA] se não estivéssemos
também nós horrorizados com o que ocorreu (...) e se os EUA
não estivessem falando abertamente em desencadear uma guerra contra
países inteiros, em derrubar governos, em promover ataques maciços,
sem evidenciar nenhuma preocupação em separar os terroristas
da população civil.»
idem, ibidem
- [O stablishment norte-americano quer «substituir a Guerra Fria pela
Guerra Anti-Terror. (...) Novamente terão um inimigo, que poderão
culpar por qualquer coisa, tentando ao mesmo tempo caluniar os dissidentes,
acusando-os de percorrer um caminho que leva inevitavelmente aos horrores
do terrorismo.»
idem, ibidem
- [Os partidários da guerra] «vão declarar que precisamos
canalizar as energias para esta causa, que devemos sacrificar a comida em
favor das armas, a liberdade pela segurança, que devemos submeter-nos
ao comando da direita e esquecer a luta pelos direitos. A sua resposta preferida
será usar o poder militar, particularmente contra nações
indefesas, talvez mesmo ocupar uma delas, e agir amplamente por meios que
não reduzirão a ameaça de terror, mas provocarão
conflitos nos quais o poder tem interesse.»
idem, ibidem
- «Serão tempos difíceis. Não nos servirá
o isolamento. Mas a mudança depende da resistência organizada
que desperta consciência e comprometimento (...) Não basta para
a esquerda ter posições correctas, ou ser combativa. Ela também
precisa ser enorme.»
idem, ibidem
- «Desde a Guerra do Golfo, a política externa dos EUA baseou-se
numa única e brutal ficção: que o exército dos
EUA pode intervir em conflitos em todo o mundo - Iraque, Kosovo, Israel -
sem sofrer nenhuma baixa. Este é um país que acabou por acreditar
no paradoxo absoluto: uma guerra segura.»
Naomi Klein, The Nation
- «Os EUA são um país que se considera a si mesmo não
só em paz, mas também imune à guerra, uma suposição
que surpreenderia a maioria dos iraquianos, palestinianos ou colombianos.
Como um amnésico, os EUA despertaram no meio de uma guerra para descobrir
que esta dura há anos.»
idem, ibidem
- «Desde o fim da guerra fria, os EUA e os seus acólitos, sobretudo
a Grã-Bretanha, exerceram, exibiram e abusaram da sua riqueza e do
seu poder, enquanto as divisões que eles e os seus agentes impuseram
aos seres humanos cresceram de forma nunca vista. Um grupo de elite de menos
de mil milhões de pessoas reparte entre si mais de 80 por cento da
riqueza do mundo.»
John Pilger, The Guardian
- «O terror ocidental faz parte da história recente do imperialismo,
uma palavra que os jornalistas não se atrevem a dizer nem a escrever.»
idem, ibidem
- «O objectivo definido de Washington é "o domínio
total". Leiam-se os documentos do Comando Espacial dos EUA que não
deixam nenhuma dúvida.»
idem, ibidem
«Avante!» Nº 1453 - 4.Outubro.2001