Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP

Lutar com grande alegria pela liberdade, a democracia e o socialismo

Sau­da­ções ca­lo­rosas a todos vós, a todos os cons­tru­tores, par­ti­ci­pantes e vi­si­tantes da Festa do Avante!. A Festa de um in­subs­ti­tuível jornal, órgão cen­tral deste Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês. Este Par­tido fun­dado em 6 de Março de 1921 e que neste ano de 2021 cum­priu 100 anos de vida e de luta!

Uma sau­dação es­pe­cial à ju­ven­tude e à JCP, ao seu im­pres­cin­dível con­tri­buto, à sua ge­ne­ro­si­dade e ale­gria ím­pares e à sua mas­siva par­ti­ci­pação no er­guer e fazer desta Festa que é, e será sempre, a Festa da paz, da ami­zade e so­li­da­ri­e­dade entre os povos, da de­mo­cracia e do so­ci­a­lismo, contra a ex­plo­ração. A sua pre­sença dá-nos uma con­fi­ança imensa, porque ela trans­porta a Festa que ha­ve­remos de cons­truir no fu­turo!

Uma par­ti­cular sau­dação aos nossos amigos do Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes», à In­ter­venção De­mo­crá­tica, aos muitos mi­lhares de pes­soas sem fi­li­ação par­ti­dária que con­nosco in­te­gram a Co­li­gação De­mo­crá­tica Uni­tária, a CDU, num mo­mento em que, lado a lado, tra­vamos mais um im­por­tante com­bate elei­toral para as au­tar­quias lo­cais.

Esta é uma Festa sin­gular, não há outra igual em Por­tugal. Uma Festa onde se ex­pressa o Par­tido que somos, o seu pro­jecto trans­for­mador, a força das suas con­vic­ções, os seus va­lores e ideais, a forma de estar na vida, a sua de­ter­mi­nação em lutar e cons­truir um fu­turo me­lhor. Que ex­pressa e pro­jecta este Par­tido que aqui está, que vive e luta há 100 anos, pas­sando o tes­te­munho de ge­ração em ge­ração, ser­vindo os tra­ba­lha­dores, o povo e o País, sempre so­li­dário com as lutas li­ber­ta­doras de todos os povos do mundo.

100 anos co­me­mo­rados por todo o País, com a dig­ni­dade de quem se afirmou no es­paço na­ci­onal com uma his­tória ímpar e ini­gua­lável. Uma his­tória que se con­funde com a his­tória do nosso País e do nosso povo.

Re­cor­damos hoje esse sim­bó­lico dia do Cen­te­nário do PCP que juntou à mesma hora e por todo o País, in­cluindo nas mais re­motas partes do nosso ter­ri­tório, em 100 ac­ções, o nosso firme e de­ter­mi­nado co­lec­tivo par­ti­dário e mi­lhares de tra­ba­lha­dores e ou­tras pes­soas das mais di­versas ca­madas do nosso povo, re­ve­lando a im­plan­tação e vi­ta­li­dade deste Par­tido Co­mu­nista que se or­gulha de o ser, porque per­ma­nen­te­mente se re­nova e porque nunca aban­donou o ter­reno da luta em de­fesa dos tra­ba­lha­dores e do povo e pela con­quista da so­ci­e­dade nova – o so­ci­a­lismo!

São 100 anos co­me­mo­rados na luta e em luta que hoje con­tinua, to­mando a di­an­teira em de­fesa dos vi­tais in­te­resses do nosso povo e da de­mo­cracia, nestes tempos con­tur­bados e di­fí­ceis de epi­demia, en­fren­tando as mais in­si­di­osas e torpes cam­pa­nhas.

 

Ra­zões justas

Qui­seram si­len­ciar-nos! Qui­seram li­mitar a acção deste Par­tido in­dis­pen­sável à luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções. Qui­seram im­pedir a Festa do Avante!, in­si­nu­aram mal­do­sa­mente mo­ti­va­ções fi­nan­ceiras.

Se fossem essas as nossas mo­ti­va­ções não a te­ríamos re­a­li­zado!

Hoje é mais fácil per­ceber quão justas eram as nossas ra­zões.

Era pre­ciso travar as pre­ten­sões dos se­nhores do medo e do mando, os se­nhores do di­nheiro e as forças que os servem que as­pi­ravam a li­mitar o exer­cício das li­ber­dades, minar a de­mo­cracia, di­fi­cultar o pro­testo e proibir a luta so­cial e a acção co­lec­tiva nas em­presas, no es­paço pú­blico e nas ins­ti­tui­ções e levar longe, a pre­texto da epi­demia, a in­ten­si­fi­cação da ex­plo­ração do nosso povo.

Era ne­ces­sário dar con­fi­ança e es­pe­rança. Com­bater o medo e ao mesmo tempo exigir as me­didas e so­lu­ções para sal­va­guardar a saúde de quem vive e tra­balha neste País, como sempre o fi­zemos, lu­tando e pro­pondo me­didas con­cretas, da va­ci­nação à tes­tagem e ao de re­forço do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde.

Foi por assim ser e porque os pro­blemas se avo­lu­maram, que não acei­támos, desde a pri­meira hora, nem que o vírus in­fec­tasse os di­reitos, nem que a luta fosse con­fi­nada, dei­xando o grande ca­pital em roda livre. Foi por assim ser, que a luta dos tra­ba­lha­dores e do nosso povo, a luta con­se­quente e or­ga­ni­zada, que não vai lá com im­pulsos sú­bitos, nem es­mo­rece pe­rante as pri­meiras di­fi­cul­dades, se man­teve e mantém viva e se re­força a cada dia que passa.

Daqui, da Festa do Avante!, es­paço de ale­gria, de con­vívio, de con­fra­ter­ni­zação, mas também de luta, sau­damos todos os que lutam, todos os que, pe­rante uma brutal ofen­siva, não bai­xaram os braços e re­cla­maram o que é seu por di­reito, em de­fesa do em­prego, dos di­reitos la­bo­rais e so­ciais, dos sa­lá­rios, dos ho­rá­rios, da es­ta­bi­li­dade da vida.

Sau­damos todos os tra­ba­lha­dores que têm dado um mag­ní­fico exemplo de que, pe­rante as pi­ores ad­ver­si­dades, o ca­minho não é o da re­sig­nação e do con­for­mismo, o ca­minho é o da luta e do avanço.

 

Luta que anima e pros­segue

Tantas, tantas lutas, tantas, tantas em­presas, que a re­fe­rência aos tra­ba­lha­dores da TAP, da GALP, da Ground­force, da Di­elmar, da Al­tice, da Saint-Go­bain Se­kurit, do co­mércio, da Caixa Geral de De­pó­sitos e da banca, da Ad­mi­nis­tração Pú­blica cen­tral e local, dos fer­ro­viá­rios, dos cor­ti­ceiros, dos trans­portes, das forças de se­gu­rança, dos mi­li­tares, são apenas exem­pli­fi­ca­tivas de um caudal que cresce a cada dia e que têm en­contro mar­cado já nos pró­ximos dias, nas pró­ximas se­manas, nos pró­ximos meses por todo o País.

E se sau­damos os lu­ta­dores, que­remos saudar com par­ti­cular ca­rinho e en­tu­si­asmo os or­ga­ni­za­dores da luta, as or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores e, em par­ti­cular, o Mo­vi­mento Sin­dical Uni­tário, a CGTP-IN, a grande cen­tral sin­dical dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses, pro­ta­go­nista de um per­curso e de um pa­tri­mónio de cinco dé­cadas com os tra­ba­lha­dores e pelos tra­ba­lha­dores.

Lutas que dão força e ânimo aos com­bates que estão em curso pelos sa­lá­rios, em­prego e di­reitos, mas também em de­fesa dos ser­viços pú­blicos e desde logo do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, da Es­cola Pú­blica e da Se­gu­rança So­cial.

Luta em que se in­sere também a acção de ou­tras ca­madas, dos agri­cul­tores, como agora a dos pro­du­tores de leite, em de­fesa da va­lo­ri­zação do preço pago à pro­dução, dos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, pelo di­reito ao exer­cício das suas ac­ti­vi­dades ou dos tra­ba­lha­dores e agentes da cul­tura, pelo di­reito à cul­tura e à cri­ação.

Luta que as­sume uma par­ti­cular im­por­tância, porque abre ho­ri­zontes e dá con­fi­ança e pers­pec­tivas a todos os que vêem os seus di­reitos postos em causa, num mo­mento em que in­sistem na de­sis­tência, a pre­texto do com­bate ao vírus.

Muitas vezes temos dito: o vírus tem as costas largas. Os tra­ba­lha­dores e o povo é que já não aguentam com tanta carga às costas!

Lutas a que o PCP deu es­tí­mulo, apoio e ex­pressão ins­ti­tu­ci­onal, com uma mul­ti­pli­ci­dade de ini­ci­a­tivas, em todas as áreas, res­pon­dendo aos mais pre­mentes pro­blemas, seja pelos sa­lá­rios, em de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, dos ho­rá­rios, da re­dução do tempo do tra­balho, da de­fesa da con­tra­tação co­lec­tiva, da pro­tecção face ao te­le­tra­balho, dos di­reitos de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade, ou do re­forço da ACT, seja em de­fesa da cul­tura e da edu­cação, seja para res­ponder aos pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, seja para com­bater a es­pe­cu­lação dos preços nos com­bus­tí­veis e na energia, ou pelo alar­ga­mento das mo­ra­tó­rias ban­cá­rias.

Sim, o PCP foi o Par­tido que mais pro­postas e ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas apre­sentou para de­fender os tra­ba­lha­dores e o povo.

A luta dos tra­ba­lha­dores e a acção do PCP foram de­ci­sivas para a de­fesa e o avanço dos di­reitos – para o pa­ga­mento por in­teiro dos sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores em lay-off, para a apli­cação do su­ple­mento de pe­no­si­dade e de in­sa­lu­bri­dade, para o au­mento das re­formas, para apoios aos mais des­fa­vo­re­cidos.

Por acção do PCP, pro­lon­garam-se por seis meses todos os sub­sí­dios de de­sem­prego que ter­mi­nassem em 2021. E foi apro­vado o alar­ga­mento do sub­sídio ex­tra­or­di­nário de risco aos tra­ba­lha­dores dos ser­viços es­sen­ciais da res­pon­sa­bi­li­dade do Es­tado. E a con­tra­tação de mi­lhares de tra­ba­lha­dores em falta nos ser­viços e fun­ções pú­blicas, de­sig­na­da­mente nas es­colas, no SNS, que o Go­verno tem de con­cre­tizar ple­na­mente e sem adi­a­mentos. Mas também a con­cre­ti­zação da va­lo­ri­zação dos seus di­reitos, in­cluindo a res­posta aos pro­blemas e o es­ta­be­le­ci­mento de um valor justo do sub­sídio de risco para os pro­fis­si­o­nais das forças de se­gu­rança.

A am­pli­ação e o re­forço da luta dos tra­ba­lha­dores e do povo são uma exi­gência da hora pre­sente, neste mo­mento em que o con­junto das forças do grande ca­pital se re­a­grupa e re­or­ga­niza, como se vê na ar­ti­cu­lação das con­fe­de­ra­ções pa­tro­nais e na acção con­ver­gente dos 42 grupos eco­nó­micos que se apre­sentam agora a pre­texto da re­cu­pe­ração do País a exigir o que me­lhor serve os seus in­te­resses egoístas.

Os mesmos que nunca perdem e con­ti­nuam a ga­nhar mi­lhões, mesmo em tempo de epi­demia, como re­vela a re­for­çada dis­tri­buição dos seus di­vi­dendos em 2020 e a su­bida das trans­fe­rên­cias para os pa­raísos fis­cais.

Re­citam em unís­sono, eles e os seus ser­vi­dores, apoi­ados numa ampla cam­panha ide­o­ló­gica, cí­nicas pre­o­cu­pa­ções com a de­ca­dência do País, ou o cres­ci­mento ané­mico dos úl­timos 25 anos como se na sua origem não es­ti­vesse a po­lí­tica de di­reita.

Falam de re­formas e exigem re­formas es­tru­tu­rais que não são re­formas, mas se­veros golpes na vida dos tra­ba­lha­dores e do povo e da pró­pria de­mo­cracia, sempre di­ri­gidas à de­gra­dação dos sa­lá­rios e di­reitos, à sub­versão do re­gime de pen­sões e às fun­ções so­ciais do Es­tado e à sua or­ga­ni­zação e sis­tema de poder.

Querem manter o má­ximo dos re­tro­cessos im­postos por PS, PSD e CDS nas leis la­bo­rais nos úl­timos anos e, neste tempo, que lhes cheira a di­nheiros pú­blicos frescos, querem uma parte de leão.

Quem os ouve falar pen­sará que não foram go­vernos do PS, PSD e CDS que aí es­ti­veram para servir os seus in­te­resses, os in­te­resses do ca­pital mo­no­po­lista.

Falam das con­sequên­cias de uma po­lí­tica que es­tava ao seu ser­viço, omi­tindo e de­tur­pando pro­ta­go­nistas e as ver­da­deiras causas que estão na origem dos atrasos do País.

Omitem que os seus pro­blemas são re­sul­tado da po­lí­tica de aban­dono dos sec­tores pro­du­tivos na­ci­o­nais e da pri­va­ti­zação dos sec­tores es­tra­té­gicos. Omitem que a adesão ao euro se tra­duziu num novo factor de re­dução da ca­pa­ci­dade com­pe­ti­tiva do País e com a vin­cu­lação ao Pacto de Es­ta­bi­li­dade impôs-se o con­ge­la­mento do cres­ci­mento e das con­di­ções de vida do povo.

Nesta ofen­siva mis­ti­fi­ca­dora contam com as forças po­lí­ticas mais re­tró­gradas e re­ac­ci­o­ná­rias, como o PSD e o CDS e seus su­ce­dâ­neos da Ini­ci­a­tiva Li­beral e do Chega que fazem o papel de lebre de cor­rida com as suas pro­postas ditas de re­formas es­tru­tu­rais e de re­visão cons­ti­tu­ci­onal e das leis elei­to­rais para ga­rantir mai­o­rias ar­ti­fi­ciais.

Tal como contam com a com­pla­cência e a cum­pli­ci­dade do Go­verno do PS que como se vai vendo nas suas op­ções de de­fesa das normas gra­vosas das leis la­bo­rais, nas suas es­co­lhas em re­lação ao Novo Banco, no as­sistir sem pes­ta­nejar a ten­ta­tivas de des­pe­di­mentos co­lec­tivos e a en­cer­ra­mentos de em­presas como a re­fi­naria de Ma­to­si­nhos da GALP, a Saint Go­bain Se­kurit, entre tantas ou­tras.

Mas o que esta ope­ração con­cer­tada entre as forças do grande ca­pital e as forças po­lí­ticas que o apoiam con­firma e se acaba por re­co­nhecer, é o que há muito o PCP afirma: a po­lí­tica de di­reita, no que res­peita aos in­te­resses do País, fa­lhou!

Fa­lhou no plano eco­nó­mico, ao dei­xarem o País mais frágil e de­pen­dente.

Fa­lhou no plano so­cial com o apro­fun­da­mento das de­si­gual­dades so­ciais e ter­ri­to­riais e da con­cen­tração e cen­tra­li­zação da ri­queza.

Fa­lhou no plano po­lí­tico com as prá­ticas de sub­missão do poder po­lí­tico ao poder eco­nó­mico, de pro­mis­cui­dade entre os ne­gó­cios e a po­lí­tica que fa­vo­re­ceram a cor­rupção e a po­lí­tica de ins­tru­men­ta­li­zação do Es­tado a favor dos grupos eco­nó­micos, bem pa­tente nessa placa gi­ra­tória que faz rodar em per­ma­nente con­cu­bi­nato con­se­lhos de ad­mi­nis­tração de em­presas e mem­bros de go­vernos.

Mas também com as cres­centes res­tri­ções e li­mi­ta­ções im­postas à de­mo­cracia par­ti­ci­pa­tiva, no­me­a­da­mente no plano la­boral e so­cial, e a ins­tru­men­ta­li­zação da co­mu­ni­cação so­cial, onde o cri­tério no­ti­cioso e do de­bate é, em geral, o da de­fesa e pro­moção da ide­o­logia e in­te­resses do­mi­nantes, sem con­tra­di­tório.

 

O rumo que se impõe

O País não pre­cisa de mais do mesmo, mas de se li­bertar do ciclo vi­cioso da po­lí­tica de di­reita e dos pro­blemas acu­mu­lados que criou! O País pre­cisa de avançar e en­cetar um novo rumo!

A res­posta que o País pre­cisa pe­rante uma re­a­li­dade na­ci­onal, agra­vada pelos novos pro­blemas que a epi­demia trouxe, al­guns dos quais te­remos de lidar du­rante os pró­ximos tempos, é de uma grande exi­gência e am­pli­tude, sob pena de se apro­fun­darem dé­fices, de­si­gual­dades e in­jus­tiças.

Por­tugal tem um con­junto de pro­blemas es­tru­tu­rais que se tra­duzem em pre­o­cu­pantes dé­fices, nos do­mí­nios da pro­dução, da ci­ência e tec­no­logia, da energia, mas também de­mo­grá­ficos, que se in­ter­ligam e in­flu­en­ciam mu­tu­a­mente, tal como as me­didas que se en­tre­cruzam e que são ne­ces­sá­rias para os su­perar.

Por­tugal pre­cisa de novas so­lu­ções para su­perar o seu grave dé­fice pro­du­tivo e, em par­ti­cular e com mais ur­gência, o dé­fice ali­mentar e a com­po­nente im­por­tada das ex­por­ta­ções. Para pro­duzir mais para im­portar menos, criar em­prego qua­li­fi­cado, li­bertar o País de dé­cadas de en­di­vi­da­mento, é ne­ces­sário um pro­grama de subs­ti­tuição de im­por­ta­ções por pro­dução na­ci­onal o que exige en­frentar as im­po­si­ções da União Eu­ro­peia que ar­ra­saram com a agri­cul­tura, as pescas e parte da in­dús­tria na­ci­onal.

É ne­ces­sário di­ver­si­ficar as re­la­ções co­mer­ciais com ou­tros países. Pro­mover, de facto, a rein­dus­tri­a­li­zação do País em vez da de­sin­dus­tri­a­li­zação a que con­ti­nu­amos a as­sistir todos os dias e de que é exemplo a re­fi­naria de Ma­to­si­nhos.

Pre­ci­samos de pro­duzir me­di­ca­mentos, ali­mentos, com­po­nentes e pro­dutos in­ter­mé­dios, meios e equi­pa­mentos de trans­porte em vez de os ir com­prar ao es­tran­geiro. Pre­ci­samos de re­compor ca­deias pro­du­tivas, apro­vei­tando os re­cursos na­ci­o­nais e as­se­gu­rando que são trans­for­mados no País.

A su­pe­ração do dé­fice pro­du­tivo faz-se também com os sec­tores es­tra­té­gicos nas mãos do País. A re­cu­pe­ração do con­trolo pú­blico destes sec­tores é a única ga­rantia que as pe­quenas e mé­dias em­presas têm de acesso ao cré­dito e não são ar­ra­sadas pelos lu­cros da banca, para baixar os custos da energia, das co­mu­ni­ca­ções, das auto-es­tradas, dos ae­ro­portos e ter trans­portes que res­pondam às ne­ces­si­dades do País, com des­taque para o ca­minho-de-ferro, com uma CP uni­fi­cada. Mas também para as­se­gurar que os lu­cros ob­tidos são in­ves­tidos na mo­der­ni­zação tec­no­ló­gica do País em vez de vo­arem, aos mi­lhares de mi­lhões para o es­tran­geiro.

O País pre­cisa de outra res­posta para su­perar o dé­fice ci­en­tí­fico e tec­no­ló­gico com que se con­fronta. Com mais in­ves­ti­mento no En­sino Su­pe­rior Pú­blico e na in­ves­ti­gação ci­en­tí­fica, com a va­lo­ri­zação dos la­bo­ra­tó­rios do Es­tado, como o La­bo­ra­tório Na­ci­onal do Me­di­ca­mento. Com uma Es­tra­tégia Na­ci­onal para a Eco­nomia Di­gital e não pro­jectos avulsos de­ter­mi­nados pelos pro­gramas do ca­pital eu­ropeu e pela União Eu­ro­peia.

O País pre­cisa de su­perar o dé­fice ener­gé­tico. Um ob­jec­tivo que não será al­can­çado en­quanto a GALP, a EDP ou a REN não es­ti­verem nas mãos do Es­tado por­tu­guês. Re­duzir a de­pen­dência ener­gé­tica im­plica o au­mento do apro­vei­ta­mento dos re­cursos na­ci­o­nais para a pro­dução de energia, in­cluindo no plano das re­no­vá­veis, cuja pro­gres­siva in­cor­po­ração deve obe­decer às pos­si­bi­li­dades do País e à re­dução dos custos ener­gé­ticos e não aos in­te­resses dos ne­gó­cios cri­ados à sombra da des­car­bo­ni­zação.

O País pre­cisa também de su­perar o dé­fice de­mo­grá­fico que os censos de 2021 re­cen­te­mente con­fir­maram. Não é em re­pe­tidos anún­cios de pro­gramas go­ver­na­men­tais de apoio aos jo­vens ou ao In­te­rior que está a res­posta. Por mais voltas que pro­curem dar não ha­verá cres­ci­mento de­mo­grá­fico, nem equi­lí­brio ter­ri­to­rial, sem a re­vi­ta­li­zação das eco­no­mias de uma parte subs­tan­cial do ter­ri­tório, a re­cons­trução do apa­relho pro­du­tivo e a cri­ação de em­prego com di­reitos e con­di­ções para que uma vida digna seja uma re­a­li­dade. Sem um forte in­ves­ti­mento na agri­cul­tura e no mundo rural, onde se in­clui a flo­resta. E, so­bre­tudo, sem uma po­lí­tica que va­lo­rize os sa­lá­rios, sem o for­ta­le­ci­mento dos ser­viços pú­blicos, sem a cri­ação de em­prego no sector pri­vado e no sector pú­blico, sem a ga­rantia do di­reito à ha­bi­tação, sem cre­ches e lares que res­pondam às di­fe­rentes ne­ces­si­dades ao longo da vida.

O País pre­cisa ainda de uma vi­ragem no plano am­bi­ental. Não aquela que está a en­tu­si­asmar as mul­ti­na­ci­o­nais que querem mais lu­cros man­tendo todos os ins­tru­mentos de pre­dação dos re­cursos na­tu­rais ine­rentes ao ca­pi­ta­lismo. O com­bate à de­gra­dação am­bi­ental não se faz com marcas verdes, com im­postos verdes ou com mul­ti­na­ci­o­nais pin­tadas de verde. As­se­gurar a água como um bem pú­blico, pro­mover a pro­dução na­ci­onal e local, pro­mover o trans­porte pú­blico alar­gando a oferta a todo o País, essas sim, são me­didas que fazem falta e que tardam em ser to­madas.

Me­didas que não en­con­tramos no PRR, nem no Por­tugal 2030, por mais tran­si­ções que estes pro­clamem. Ao con­trário da pro­pa­ganda, o PRR não é o ins­tru­mento capaz de im­primir as al­te­ra­ções es­tru­tu­rais que o País pre­cisa. O PRR não parte das ne­ces­si­dades do País, mas das im­po­si­ções da União Eu­ro­peia. Por mais mi­lhões que possam ser anun­ci­ados, so­bre­tudo os que já estão pro­me­tidos para o grande ca­pital, sem uma pro­funda al­te­ração das po­lí­ticas o País não sairá da cepa torta.

 

Res­postas de fundo

A si­tu­ação do País impõe neste mo­mento uma am­pli­tude de res­postas e de op­ções que cor­res­pondam à di­mensão dos pro­blemas em pre­sença.

Por­tugal pre­cisa de uma outra po­lí­tica, uma po­lí­tica al­ter­na­tiva capaz de re­solver pro­blemas acu­mu­lados e en­cetar uma tra­jec­tória de de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial.

E pre­cisa de o fazer rom­pendo de forma de­ter­mi­nada e sus­ten­tada com op­ções es­tru­tu­rantes da po­lí­tica de di­reita, ins­cre­vendo nesse ca­minho a res­posta a pro­blemas mais ime­di­atos que marcam e pesam ne­ga­ti­va­mente na vida dos tra­ba­lha­dores e do povo.

Res­postas que se exigem, no quadro da luta por uma al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, sem a qual não se abre o ca­minho para a so­lução dos pro­blemas na­ci­o­nais.

Ig­norá-lo sig­ni­fica não ver que são as op­ções or­ça­men­tais e do dé­fice que o ac­tual Go­verno quer impor que li­mitam ou em­perram o al­cance dessas me­didas.

As res­postas emer­gentes como a do au­mento geral dos sa­lá­rios para todos os tra­ba­lha­dores, do sa­lário médio, tal como a va­lo­ri­zação das car­reiras, o au­mento do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal para 850 euros, o com­bate à pre­ca­ri­e­dade ou à des­re­gu­lação de ho­rá­rios de tra­balho, não se fazem sem con­frontar o grande ca­pital e tomar par­tido por quem tra­balha.

A de­fesa e afir­mação dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, a re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral como a da ca­du­ci­dade têm de ser as­su­midas e não var­ridas para de­baixo do ta­pete da con­cer­tação com o grande pa­tro­nato.

A ina­diável va­lo­ri­zação das pen­sões e re­formas de todos quantos des­con­taram, in­cluindo acima dos 658,20 euros não pode ficar de­pen­dente da re­cusa do PS em en­con­trar as fontes de fi­nan­ci­a­mento que ga­rantam a es­ta­bi­li­dade à Se­gu­rança So­cial.

O in­dis­pen­sável re­forço do SNS passa pela va­lo­ri­zação das car­reiras e dos sa­lá­rios dos seus pro­fis­si­o­nais, me­didas que não podem de­pender de um cal­cu­lismo do que custa e do que pe­sará do lado da des­pesa, mas antes do muito que é ne­ces­sário para res­ponder à COVID e o que ficou por fazer por causa da epi­demia,

O re­forço de in­ves­ti­mento nos ser­viços pú­blicos, na edu­cação ou na cul­tura exigem as­sumir des­pesa es­tru­tural que dê es­ta­bi­li­dade e fu­turo à Es­cola Pú­blica, às uni­ver­si­dades, às es­tru­turas e en­ti­dades cul­tu­rais e aos seus mi­lhares de tra­ba­lha­dores.

A jus­tiça fiscal que se impõe de­sa­gra­vando os im­postos sobre os tra­ba­lha­dores de mais baixos ren­di­mentos tem de afrontar os lu­cros e os ele­vados pa­tri­mó­nios e ren­di­mentos.

A ga­rantia de cre­ches gra­tuitas para todas as cri­anças re­clama uma opção de fi­nan­ci­a­mento que dê pri­o­ri­dade ao apoio às cri­anças e fa­mí­lias em vez de fazer fi­gura de bom aluno em Bru­xelas.

A ga­rantia de uma rede de lares e o apoio efec­tivo aos idosos, às suas fa­mí­lias e cui­da­dores, exige um forte in­ves­ti­mento pú­blico em equi­pa­mentos e tra­ba­lha­dores, in­com­pa­tí­veis com a des­res­pon­sa­bi­li­zação do Es­tado nesta ma­téria.

A ne­ces­sária va­lo­ri­zação dos apoios so­ciais, da uni­ver­sa­li­zação e au­mento do valor do abono de fa­mília, ao au­mento do valor e alar­ga­mento dos cri­té­rios de acesso do sub­sídio de de­sem­prego, re­quer uma de­ci­dida opção de com­bate à po­breza que vá para além da pro­pa­ganda.

O di­reito à ha­bi­tação não se re­sol­verá sem o au­mento da oferta pú­blica de ha­bi­tação em larga es­cala, com o Es­tado cen­tral a as­sumir as suas res­pon­sa­bi­li­dades, nem com a Lei das Rendas do Go­verno PSD/​CDS que o ac­tual Go­verno se re­cusa a rever.

O trans­porte pú­blico tem de ser as­su­mido como com­pe­tência que cabe ao Es­tado e não para em torno dele se fazer pro­pa­ganda e trans­ferir para cima das au­tar­quias lo­cais essa res­pon­sa­bi­li­dade.

As por­ta­gens nas SCUT, as pro­pinas ou as taxas mo­de­ra­doras, não podem ser vistas como meio de ex­torsão à po­pu­lação.

As me­didas ex­cep­ci­o­nais que foram to­madas para de­belar os im­pactos da COVID, não podem de­sa­pa­recer na to­ta­li­dade, ig­no­rando as di­fi­cul­dades pelas quais passam mi­lhares de fa­mí­lias e em­presas.

Me­didas, estas e ou­tras, que para cada uma e no seu todo exigem op­ções claras, de­ter­mi­nação de afrontar in­te­resses, tomar par­tido pelos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo.

Está claro o que temos de­fen­dido e de­fen­demos, e que nin­guém ali­mente dú­vidas: O PCP bater-se-á pela rup­tura e al­ter­na­tiva ne­ces­sá­rias. O PCP bater-se-á a todos os ní­veis e em todos os es­paços de in­ter­venção por cada me­dida ne­ces­sária ao nosso povo e ao nosso País. Assim temos feito, assim o fa­remos!

 

Fu­turo de con­fi­ança com a CDU

Es­tamos a es­cassos 20 dias das elei­ções para as au­tar­quias lo­cais. Esta é uma im­por­tante ba­talha elei­toral. Uma ba­talha para travar com con­fi­ança, com os olhos no fu­turo que es­tamos e que­remos cons­truir, para crescer e avançar, para con­firmar e re­forçar po­si­ções, para am­pliar a nossa in­fluência e o que ela sig­ni­fica de pos­si­bi­li­dades para servir as po­pu­la­ções e as sua as­pi­ra­ções.

A CDU apre­senta-se em todo o País com o seu pro­jecto al­ter­na­tivo e o ca­rácter dis­tin­tivo da sua acção au­tár­quica. Fa­zendo prova dos va­lores de Tra­balho, Ho­nes­ti­dade e Com­pe­tência que as­sume, de uma in­ter­venção em de­fesa dos in­te­resses das po­pu­la­ções e dos tra­ba­lha­dores, do re­co­nhe­cido rigor e isenção na gestão das au­tar­quias e na pos­tura dos seus eleitos, da in­ter­venção em de­fesa dos ser­viços pú­blicos e afir­mação do Poder Local De­mo­crá­tico.

A CDU afirma todos os dias e em todas a si­tu­a­ções a sua pre­sença e o seu dis­tinto pro­jecto, porque os seus eleitos têm como com­pro­misso ex­clu­sivo estar ao ser­viço do povo e não o apro­vei­ta­mento dos cargos em be­ne­fício pró­prio.

Es­tamos em todo o País, a dar ex­pressão à di­mensão uni­tária e de con­ver­gência de­mo­crá­tica que a CDU cons­titui. Es­tamos em 305 dos 308 con­ce­lhos, com mais de 40 mil can­di­datos, muitos mi­lhares sem fi­li­ação par­ti­dária. A CDU é, in­ques­ti­o­na­vel­mente, uma grande força na­ci­onal.

Sim, tem par­ti­cular sig­ni­fi­cado que na CDU afir­memos sem ti­bi­ezas o nosso pro­jecto e o nosso pro­grama, e nos apre­sen­temos com nossa pró­pria sigla e sím­bolo.

Não nos es­con­demos como ou­tros fazem em ar­ranjos de cir­cuns­tância, nem em falsas listas de in­de­pen­dentes.

A CDU res­ponde pelo que é, pela acção dos seus eleitos, pelos pro­gramas que as­sume e pelo pro­jecto que cor­po­riza.

Cá es­tamos hoje e lá es­ta­remos em cada parte do ter­ri­tório na­ci­onal, em cada con­celho e em cada fre­guesia, como sempre o fi­zemos para prestar contas do tra­balho e da obra da CDU, para as­sumir as nossas res­pon­sa­bi­li­dades com ver­dade, rosto er­guido e com a se­re­ni­dade que o tra­balho re­a­li­zado e a nossa en­trega ao ser­viço do in­te­resse co­lec­tivo nos dá.

Sim, ca­ma­radas. É esta força, estas op­ções e cri­té­rios de de­fesa do in­te­resse pú­blico, esta cla­reza de ob­jec­tivos, este sen­tido de servir as po­pu­la­ções e dar res­posta aos seus pro­blemas que é pre­ciso alargar do plano local ao plano na­ci­onal. Os tra­ba­lha­dores, o povo e o País pre­cisam de uma CDU, e das forças que a cons­ti­tuem, mais fortes e in­flu­entes.

Fu­turo de con­fi­ança. Con­fi­ança no re­co­nhe­ci­mento e apoio de que o nosso tra­balho é me­re­cedor, con­fi­ança de que é pos­sível cons­truir uma vida me­lhor.

Esta é hora de re­forçar o tra­balho e ir em frente!

 

Pe­rigos e po­ten­ci­a­li­dades

Os re­centes acon­te­ci­mentos con­firmam as grandes ten­dên­cias que têm mar­cado a evo­lução da si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, assim como a pos­si­bi­li­dade de se ve­ri­fi­carem rá­pidos de­sen­vol­vi­mentos.

Por mai­ores que sejam os cál­culos ge­o­po­lí­ticos dos Es­tados Unidos da Amé­rica e as suas cam­pa­nhas de mis­ti­fi­cação, a ver­dade é que, in­de­pen­den­te­mente de novos pe­rigos e riscos, o im­pe­ri­a­lismo acaba de so­frer mais uma hu­mi­lhante der­rota no Afe­ga­nistão.

A de­ter­mi­nada re­sis­tência de países e povos face à vi­o­lenta acção do im­pe­ri­a­lismo de­monstra que, apesar dos po­de­rosos meios de que dispõe, este não pode tudo e se en­contra en­volto em di­fi­cul­dades e con­tra­di­ções.

O que jus­ta­mente se exige é que os EUA e os seus ali­ados não só po­nham de­fi­ni­ti­va­mente fim à sua in­ge­rência no Afe­ga­nistão, como a todas as suas cri­mi­nosas in­ter­ven­ções mi­li­tares, ope­ra­ções de de­ses­ta­bi­li­zação, san­ções e blo­queios eco­nó­micos.

O que jus­ta­mente se exige é que o Go­verno por­tu­guês res­peite a Cons­ti­tuição e ponha fim a uma po­lí­tica de su­bor­di­nação aos EUA, à NATO e à União Eu­ro­peia, e ao en­vol­vi­mento de Por­tugal e das Forças Ar­madas por­tu­guesas em guerras contra ou­tros povos.

No en­tanto, o im­pe­ri­a­lismo não dá mos­tras de aban­donar os seus in­tentos, pros­se­guindo com a sua po­lí­tica de in­ge­rência e agressão, a co­berto de uma fa­la­ciosa de­fesa dos di­reitos hu­manos e da de­mo­cracia – que bru­tal­mente des­res­peita e vi­o­lenta, e in­sis­tindo num falso com­bate ao ter­ro­rismo, como bi­ombo para a con­ti­nu­ação da sua po­lí­tica de guerra.

Apesar de di­fe­renças tác­ticas e con­jun­tu­rais, os EUA dão con­ti­nui­dade à sua po­lí­tica ex­terna, in­ten­si­fi­cando-a em vá­rias áreas e do­mí­nios, pro­cu­rando sal­va­guardar a he­ge­monia do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano no plano mun­dial.

Ten­tando di­rimir con­tra­di­ções, os EUA pro­curam ali­nhar os seus ali­ados – a co­meçar pela NATO e a UE – em torno da sua es­tra­tégia de in­ge­rência e agressão contra todos os países e povos que não lhe se sub­metam e afirmem a sua so­be­rania, ao mesmo tempo que elevam a sua po­lí­tica de con­fron­tação com a China e a Rússia, que de­finem como seus ad­ver­sá­rios es­tra­té­gicos.

A agres­si­vi­dade do im­pe­ri­a­lismo, mais do que força, traduz de­bi­li­dade face à crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo e ao de­clínio re­la­tivo dos EUA e de ou­tras po­tên­cias ca­pi­ta­listas, que pro­curam con­tra­riar por todos os meios.

É neste con­texto que o grande ca­pital re­cru­desce a sua ofen­siva para, ins­tru­men­ta­li­zando a si­tu­ação de pan­demia, agravar a ex­plo­ração, atacar di­reitos e li­ber­dades fun­da­men­tais, pro­mover o brutal agra­va­mento das de­si­gual­dades, com a ne­gação dos mais ele­men­tares di­reitos a mi­lhões de seres hu­manos.

Va­lo­ri­zando as di­ver­si­fi­cadas lutas que têm lugar em todo o mundo, é com pro­funda con­fi­ança que sau­damos as de­le­ga­ções in­ter­na­ci­o­nais pre­sentes na Festa do Avante!, re­a­fir­mando a so­li­da­ri­e­dade para com Cuba so­ci­a­lista e a Ve­ne­zuela bo­li­va­riana e ou­tros países e povos da Amé­rica La­tina; para com os povos da Pa­les­tina, da Síria, Iémen e de ou­tros países do Médio Ori­ente; para com todos os povos que en­frentam a agressão do im­pe­ri­a­lismo e lutam em de­fesa dos seus di­reitos e so­be­rania.

Re­a­firma-se da maior im­por­tância a con­ver­gência na acção dos co­mu­nistas e ou­tros de­mo­cratas, numa ampla frente anti-im­pe­ri­a­lista que en­frente a ofen­siva ex­plo­ra­dora e agres­siva do im­pe­ri­a­lismo e abra ca­minho à cons­trução de uma nova ordem in­ter­na­ci­onal, de paz, de­mo­cracia e pro­gresso so­cial. Ta­refa que con­si­de­ramos in­se­pa­rável do re­forço do mo­vi­mento co­mu­nista e re­vo­lu­ci­o­nário in­ter­na­ci­onal, com o for­ta­le­ci­mento da sua co­o­pe­ração e da uni­dade na acção em prol dos in­te­resses e as­pi­ra­ções con­cretas dos tra­ba­lha­dores, tendo no ho­ri­zonte uma so­ci­e­dade livre da ex­plo­ração e opressão, pelo so­ci­a­lismo.

 

O ideal pelo qual vale a pena lutar

As­si­na­lamos 100 anos de luta, o tempo de um sé­culo in­teiro, que pôs o nosso Par­tido à prova, mas todos os dias essa prova é feita.

Muitos podem dizer coisas, uns ma­ni­pu­lando para iludir os seus ver­da­deiros ob­jec­tivos, ou­tros di­zendo pa­la­vras soltas, mais ou menos so­nantes, ontem umas, hoje ou­tras, amanhã ou­tras di­fe­rentes, mas que não passam disso, pa­la­vras sem pro­jecto, sem or­ga­ni­zação, sem ca­pa­ci­dade de re­sistir, sem de­ter­mi­nação para de­fender os di­reitos e avançar.

Ao longo da sua his­tória e também nos tempos di­fí­ceis do úl­timo ano e meio provou-se que o PCP é uma força in­que­bran­tável, a força com que os tra­ba­lha­dores e o povo podem contar em todas as cir­cuns­tân­cias, para re­sistir, para de­fender a li­ber­dade, a de­mo­cracia, os di­reitos, para lutar por uma vida me­lhor e con­cre­tizar o seu Pro­grama na etapa ac­tual – uma De­mo­cracia Avan­çada, os va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal.

O Par­tido é o seu ideal e pro­jecto, é a sua na­tu­reza de classe de Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores e a sua li­gação às massas, são os seus ob­jec­tivos re­vo­lu­ci­o­ná­rios, é a sua ide­o­logia mar­xista-le­ni­nista, são os seus prin­cí­pios de fun­ci­o­na­mento, é a sua di­mensão pa­trió­tica e in­ter­na­ci­o­na­lista, é a sua or­ga­ni­zação, são os seus qua­dros e mi­li­tantes. A força do nosso Par­tido é in­dis­so­ciável da afir­mação da sua iden­ti­dade co­mu­nista, dos va­lores e ca­rac­te­rís­ticas que ex­pressa, e as­senta no seu grande co­lec­tivo.

Sau­damos a acção mi­li­tante dos mem­bros do Par­tido e da JCP e os êxitos con­se­guidos neste ano do Cen­te­nário, as 102 novas cé­lulas de em­presa e local de tra­balho cri­adas e os 119 novos ca­ma­radas que as­su­miram a res­pon­sa­bi­li­dade de cé­lulas, os re­sul­tados da cam­panha na­ci­onal de fundos, o de­sen­vol­vi­mento da Cam­panha Na­ci­onal de Re­cru­ta­mento O Fu­turo tem Par­tido, com a adesão de novos mi­li­tantes.

Neste início da ter­ceira dé­cada do sé­culo XXI, em que o ca­pi­ta­lismo con­firma a sua na­tu­reza ex­plo­ra­dora, opres­sora, agres­siva e pre­da­dora, co­loca-se a ne­ces­si­dade da sua su­pe­ração re­vo­lu­ci­o­nária e re­a­firma-se a ac­tu­a­li­dade do ideal e pro­jecto co­mu­nistas.

Um ideal e pro­jecto que opõe à ex­plo­ração, às in­jus­tiças, dis­cri­mi­na­ções e de­si­gual­dades, marca do ca­pi­ta­lismo, uma so­ci­e­dade sem ex­plo­ração, de igual­dade, jus­tiça, pleno em­prego, di­reitos, con­di­ções de tra­balho e bem-estar.

Que opõe à opressão, marca do ca­pi­ta­lismo, uma so­ci­e­dade de li­ber­dade e re­a­li­zação pes­soal, in­di­vi­dual e co­lec­tiva.

Que opõe à agressão e à guerra, marca do ca­pi­ta­lismo, um mundo as­sente na paz e na co­o­pe­ração entre os povos.

Que opõe à pre­dação dos re­cursos na­tu­rais, marca do ca­pi­ta­lismo, uma so­ci­e­dade e um mundo li­bertos da di­ta­dura do lucro, as­sentes na har­monia entre o ser hu­mano e a na­tu­reza de que faz parte.

Res­pon­demos a grandes exi­gên­cias, en­fren­tamos di­fi­cul­dades e obs­tá­culos e lu­tamos com uma grande ale­gria, pela li­ber­dade, a de­mo­cracia e o so­ci­a­lismo, pelo ideal co­mu­nista, «o ideal pelo qual vale a pena lutar e ao qual per­tence o fu­turo».

Di­ri­gimo-nos aos tra­ba­lha­dores, às mu­lheres, a todas as ge­ra­ções e di­ri­gimo-nos de forma es­pe­cial aos jo­vens, essa grande força com a energia e ca­pa­ci­dade de lutar pelo di­reito a ser feliz, hoje e no fu­turo, contra o obs­cu­ran­tismo pela razão, a ci­ência e o pro­gresso, contra a ex­plo­ração, pela igual­dade e a li­ber­dade, contra a re­sig­nação pela par­ti­ci­pação, contra a de­sis­tência e o fa­ta­lismo pela con­fi­ança nas suas pró­prias forças e na ca­pa­ci­dade dos tra­ba­lha­dores e dos povos as­se­gu­rarem um rumo de paz e pro­gresso no nosso pla­neta.

Essa é também a re­a­li­dade da luta do nosso Par­tido, do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, ao longo da sua his­tória, essa é a con­fi­ança com que lu­tamos hoje e olhamos para os tempos vin­douros.




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Agradecimentos

O PCP agradece a todas as entidades, públicas e privadas, que contribuíram para a realização da Festa do Avante!. À Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, à Associação de Colectividades do Concelho do Seixal e a muitas outras associações, colectividades e clubes desportivos. Ao...

Fotógrafos da Festa

Ana Ferreira Ana Isabel Martins Fernando Monteiro Inês Seixas Jaime Carita José Baguinho João Lopes Jorge Cabral Jorge Caria José Carlos Pratas José Coelho José Frade Luís Duarte Clara Manuel Pinto Jorge Mário Saldanha Miguel Mestre Nuno Lopes Nuno Trindade Nuno Sousa Paulo Oliveira Paulo Silva...