Auditório 1.º de Maio

Lugar de bons encontros

Manuel Pires da Rocha

 

O Au­di­tório ini­ciou a edição de 2021 com Aline Frazão, cul­tora prin­cipal do campo fértil da mú­sica afri­cana. Con­vidou o com­pa­triota Toty Sa’med para a di­visão das vozes e das gui­tarras. Juntou canto e kis­sange ao canto be­lís­simo da gui­ne­ense Karyna Gomes. Di­vidiu te­cido ins­tru­mental e im­pro­viso com cada um dos mú­sicos com quem re­partiu palco, como Mick Tro­voada e Sara Ta­vares. Cantou os «clás­sicos». Lançou no ar pa­la­vras de ordem. E deixou no ar da Festa um aroma a mú­sica de An­gola.

Pode o Au­di­tório a céu aberto da Festa do Avante! ser um lugar de in­ti­mi­dade so­nora? Pode pois. O branco das ca­deiras es­tava já co­berto de gente quando Manel Cruz chegou. Sentou-se e ofe­receu ao pú­blico um pri­meiro acorde de uku­lele que viria a re­partir com a gui­tarra o acom­pa­nha­mento de todas as can­ções da noite. Todas não. Porque Al­dina Du­arte viria a so­correr-se mais tarde do rumor da Festa para cantar a ca­pella um Fado tra­di­ci­onal. De­pois con­fessou «pa­rece que estou num sonho» e deu o seu jeito fa­dista a uma canção de Manel Cruz. O Au­di­tório é lugar dos bons en­con­tros.

Da­niel Pe­reira Cristo trouxe ao Au­di­tório a mú­sica da tra­dição oral. Acom­pa­nhado de mú­sicos de so­no­ri­dades di­versas, deu ao Ca­va­quinho o papel de pro­ta­go­nista, uma es­pécie de dis­tri­buidor de «jogo» dos tim­bres, das lin­gua­gens e das vozes belas do to­cador e de Ca­ta­rina Silva. Aqui so­lista, ali acom­pa­nha­mento, o ca­va­quinho de Da­niel Cristo per­correu mais ge­o­grafia do que o Minho em que nasceu e, a meio do es­pec­tá­culo, con­vidou para o palco Carla Pires, fa­dista, co­nhe­ce­dora já do ta­buado do Au­di­tório. Cantou-se o Fado, juntou-se-lhe o Vira e ce­le­brou-se, uma vez mais, a bela e ágil mú­sica por­tu­guesa.

O sa­xo­fone de Ca­brita não chegou so­zinho à Festa. Ao início eram quatro em palco, uma gui­tarra e uma ba­teria. Pri­meiro uma tex­tura rít­mica ho­mo­génea como quem pre­para chão para o solo em que Ca­brita inicia a dança que o pú­blico logo per­cebeu, e agarrou. Tó Trips en­trou no palco para «fazer parte» – os solos so­maram a tensão da corda eléc­trica so­lista ao sopro de Ca­brita e seus com­pa­nheiros, e a eles se jun­taria Ste­re­os­sauro na me­tá­fora co­lec­ti­vista que a mú­sica ins­tru­mental sempre sabe ser.

Lem­bram-se de Max Roach, ainda a Festa es­tava em início de vida? Bateu Matou será cer­ta­mente he­rança dessa ati­tude de fazer da «ba­tida» mú­sica es­sen­cial. Tocam lin­gua­gens e o pú­blico re­co­nheceu-se nessa ati­tude, fa­zendo do Au­di­tório um lugar de ce­le­bração mul­ti­cul­tural. Héber dos HMB e Pité jun­taram à vi­bração das peles a da voz e, de re­pente, na Baía do Seixal sentiu-se a ba­tida do co­ração da Festa.

A Ga­rota Não fez sentar nas ca­deiras quem ia a passar na ala­meda, a ca­minho de um dos mil en­con­tros na Festa. Não apenas pelo canto – em voz bela, limpa e se­gura – mas também pelo dito. Quem diz, pa­ra­fra­se­ando o Mi­guel Tiago, que «de­cretar o fim da Arte é o mesmo que de­cretar o fim da chuva»; quem canta as pa­la­vras de João Monge de que «Podem de­cretar o fim da Arte / Que a gente faz uma canção sobre isso» me­rece a maior atenção. O rapper Oh­mo­niz­ci­ente (André Moniz) juntar-se-ia para um dueto de pa­la­vras que foram sig­ni­fi­cado e ritmo e me­lodia. No final, cinco can­ções de José Afonso – a ho­me­nagem sob a forma da re­lei­tura.

As ca­deiras (muitas) do Au­di­tório não che­garam para com­pa­recer a Budda Power Blues & Maria João. Por isso, o pú­blico es­pa­lhou-se pela en­costa, in­ven­tando um «balcão» que es­teve aberto até ao fim. E, de vez em quando, o ca­minho entre a pla­teia e a en­costa era um ter­reiro de dança to­cada pela voz plás­tica de Maria João, umas vezes sus­surro, ou­tras brado, sempre mú­sica da me­lhor. Budda Power Blues foram o olhar com­pe­tente que lhes é re­co­nhe­cido sobre a mú­sica de ao pé do Mis­sis­sipi. Não, não pa­rece ser apro­pri­ação – sabe tudo a in­ter­na­ci­o­na­lismo.

Vi­olet ins­talou na Festa a Dança, assim com letra maiús­cula – uma e a outra. Mais uma vez se provou que na Festa não há quem «as­sista» – quem ali vai par­ti­cipa. Vi­olet le­vantou toda a gente, mas não se es­queceu de afirmar as suas opi­niões sobre o an­da­mento do mundo, seus po­dres e suas es­pe­ranças neste campo da luta de classes em que se apontam des­tinos. Foi buscar os tim­bres mais «na­tu­rais», juntou-lhe os «ex­pe­ri­men­tais» e es­tendeu uma manta de mú­sica que foi fim de noite e anúncio de novos dias. Sor­risos, só sor­risos no final.

«Cordas de todo o mundo – uni-vos» po­deria ser o tema do con­certo de Da­niel Ca­ta­rino. Pri­meiro as da voz, em pa­la­vras que são as de mexer no mundo, re­la­tando vidas mas também es­pe­ranças, entre o rock po­de­roso e a ba­lada que se veste de si­lêncio também. De­pois as cordas das gui­tarras, a lem­brar as con­versas entre amigos, em de­safio e diá­logo, sempre em abraço. E as da Cam­pa­niça, che­gadas de um tempo de serem o caldo de Des­pi­ques e Bal­dões do Alen­tejo. As cordas e as mãos de Fast Eddie Nelson, Rapaz Im­pro­vi­sado e Tó Zé Be­xiga a tingir de muitos sons o ar da Festa.

Um Canto que vem de Cuba nunca teria só as qua­li­dades de quem o canta. O que foi re­ce­bido na Festa foi um Canto da luta pela li­ber­dade e pela so­be­rania. Ca­lhou a Annie Garcês ser, ali, ar­tista da Festa e pro­ta­go­nista da His­tória. E assim foi re­ce­bida. Trova cu­bana, Ha­ba­nera, Son, Changui, Bo­lero – toda a mú­sica do povo cu­bano aco­lhido na emoção da Festa.

Pedro Jóia cresceu a par com a Festa. E isso sente-se no seu modo de ser mú­sico no Au­di­tório, ainda por cima acom­pa­nhado de José Sal­gueiro, que é daqui também. O José Afonso da gui­tarra de Pedro Jóia é o da voz de José Afonso. Não tem notas a mais nem a menos, apenas e tanto as su­fi­ci­entes para que se per­ceba que o grande gui­tar­rista não quer outra voz do que a que ce­lebra. Foi isso que o pú­blico per­cebeu, e por isso se lhe juntou em canto. Um con­certo me­mo­rável, quase de «câ­mara», sob o Céu limpo da Quinta do Cabo.

Per­cebe-se que Te­re­sinha Lan­deiro é fa­dista de chão. Aquele chão de estar a um metro do pú­blico das Casas de Fado, onde a canção lis­boeta re­cusa a cos­mé­tica do showbiz. E foi assim que se apre­sentou na festa, de sor­riso com­pro­me­tido com a mú­sica que leva, entre clás­sicos e os fados de «Agora».

Como quem evoca a di­ver­si­dade da pro­posta mu­sical da Festa, Du­arte traz con­sigo um quar­teto de cordas e um trio de gui­tarras. Com uma pa­leta destas as op­ções po­de­riam ser as mais di­versas, mas o ca­minho da voz de Du­arte pa­rece, pri­meiro, ser o do Fado. Mas não. De re­pente apa­rece no palco uma moda de Cante, um quase-vira, uma ba­lada. Du­arte en­cerrou o Au­di­tório em 2021 como quem inicia o pro­grama de 2022.

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O PCP agradece a todas as entidades, públicas e privadas, que contribuíram para a realização da Festa do Avante!. À Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, à Associação de Colectividades do Concelho do Seixal e a muitas outras associações, colectividades e clubes desportivos. Ao...

Fotógrafos da Festa

Ana Ferreira Ana Isabel Martins Fernando Monteiro Inês Seixas Jaime Carita José Baguinho João Lopes Jorge Cabral Jorge Caria José Carlos Pratas José Coelho José Frade Luís Duarte Clara Manuel Pinto Jorge Mário Saldanha Miguel Mestre Nuno Lopes Nuno Trindade Nuno Sousa Paulo Oliveira Paulo Silva...