Evocações, alegria e luta no convívio regional de Aveiro

O Parque de Merendas de Pigeiros, Santa Maria da Feira, recebeu, no dia 9, o convívio regional de Aveiro do PCP, que, para além de muitos militantes, contou com a presença de Jerónimo de Sousa.

«Os problemas do País não são inevitáveis»

O tempo que se fez sentir no sábado foi o ideal para as intenções dos comunistas e amigos do PCP que, de todo o distrito de Aveiro, afluíram até ao centro do concelho de Santa Maria da Feira: uma tarde de convívio, música e um importante momento político que culminou com a intervenção do Secretário-geral do PCP – tudo isto ao ar livre, na presença de largas dezenas de outras pessoas que, naquele dia, decidiram utilizar o mesmo espaço.

Depois de desfrutado o almoço, confeccionado pela própria estrutura militante do Partido, foi a vez do momento cultural: temas do Jorge Palma, António Variações, Adriano Correia de Oliveira, entre outros interpretados por Pedro Piaf.

Para o momento político, apresentado por Carla Cabique Martins, do Secretariado da Direcção da Organização Regional de Aveiro do Partido, e para além de Jerónimo de Sousa, foi chamado para o pequeno palco, entre outros dirigentes regionais, Octávio Augusto, membro da Comissão Política.

Pouco tempo depois de começar a sua intervenção, o Secretário-geral dirigiu uma questão aos presentes: «Como é que, hoje, alguns podem, através do mais primário anticomunismo, atacar este Partido como inimigo das liberdades, se, durante 100 anos, lutou como nenhuma outra força para que a democracia e a liberdade prevalecessem em Portugal?» O dirigente falava acerca da iniciativa em que participara da parte da manhã, em Nogueira da Regedoura, noutra parte do concelho feirense, para assinalar o 80.º aniversário do brutal assassinato pela polícia fascista do destacado militante comunista António Ferreira Soares (ver caixa).

«Sabemos que o Portugal dos anos 40 não é o Portugal do século XXI. Mudou muito e muita coisa. Mudou a situação, o fascismo acabou derrotado, mas a causa da liberdade e da defesa da democracia assumem, hoje, uma crescente preocupação», acrescentou.

Culpa tem nome

«Estamos a atravessar um momento particularmente complexo da vida do nosso País», salientou Jerónimo de Sousa. Trata-se, esclareceu, de um momento em que se têm vindo a confirmar as análises e posições do PCP em relação à situação do mundo e aos problemas económicos e sociais de Portugal.

«Bastaram três escassos meses para confirmar quão acertadas e justas eram as nossas opiniões e denúncias acerca dos verdadeiros objectivos dos que, como PS, tudo fizeram para empurrar o País para eleições», exemplificou. Da mesma forma, para o Secretário-geral do Partido, é observável o quão justas eram as opiniões dos comunistas acerca do Orçamento do Estado que está agora em vigor. São muitas as provas, desde o estado em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde, à recusa do Governo do PS em relação à valorização dos salários e à revogação das normas gravosas da legislação laboral, até à resistência a encontrar soluções para garantir o direito a uma creche para todas as crianças.

Num quadro em que pesam as consequências de décadas de política de direita, a que se acrescenta o aproveitamento da epidemia, da guerra e das sanções pelos grandes interesses económicos, a submissão externa do País tem ido mais longe: «O amarramento à estratégia do imperialismo norte-americano, da NATO, da União Europeia que o Governo do PS e outras forças teimam em querer levar mais longe, contra o interesse nacional», salientou.

Avançar com soluções adequadas

«O PCP tem apresentado soluções para os problemas do País, demonstrando que é possível outro caminho. Mas, em simultâneo, é preciso avançar na mobilização da luta dos trabalhadores e das populações», afirmou Jerónimo de Sousa, acrescentando que os «problemas não são inevitáveis» e que para resolvê-los é necessária uma «política patriótica e de esquerda e dar mais força ao PCP».

População empobrece a trabalhar

Antes de Jerónimo de Sousa, já Carla Cabique tinha dirigido algumas palavras aos presentes. «Vivemos num distrito em que os problemas sentidos pelas populações em nada diferem da realidade que se vive um pouco por todo o País», afirmou. Segundo a dirigente, a realidade do mundo do trabalho no distrito de Aveiro e as dificuldades sentidas com o aumento do custo de vida, têm gerado um fosso e diferenças sociais cada vez maiores.

Em Santa Maria da Feira, apesar de grandes e lucrativas empresas dominarem o tecido económico do concelho e de ali ser gerada muita riqueza, o salário médio dos trabalhadores é inferior à média nacional em cerca de 200 euros. O poder de compra dos habitantes do concelho é de apenas 85 por cento da média nacional. «Mas este não é um factor desmotivador para que os trabalhadores baixem os braços. Exemplo disso foram as lutas encetadas na Hubbertricot, onde as trabalhadoras conseguiram o tão reivindicado aumento do salário e do subsídio de refeição», exemplificou.

 

Exemplo de coragem e dedicação ao povo

Jerónimo de Sousa dedicou parte da sua intervenção à evocação do militante António Ferreira Soares, um «exemplo de coragem e dedicação à luta do povo». O «médico dos pobres», como era conhecido, foi violentamente assassinado pela PIDE, com 14 balas de pistola-metralhadora disparadas à queima-roupa no dia 4 de Julho de 1942.

«Ferreira Soares era combatente íntegro, portador de uma admirável dimensão humana, sempre pronto e disponível para acudir a quem precisasse», salientou o dirigente comunista.

Na manhã do mesmo dia, o Secretário-geral esteve presente numa homenagem ao memorável militante, no cemitério de Nogueira da Regedoura. Lá, ainda teve a oportunidade de proferir uma declaração onde salientou a postura do activo resistente anti-fascista.

«Evocar e homenagear Ferreira Soares, para além de um acto da mais elementar justiça, é uma exigência tão mais importante quando, hoje, estamos confrontados com a necessidade de dar combate a projectos anti-democráticos que ostensivamente emergem na realidade nacional e europeia, assentes numa continuada ofensiva ideológica, com forte pendor anticomunista», afirmou.

 



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