Todas as músicas do mundo
Espectáculos
Os Vicius Five iniciaram os espectáculos de sábado com um público ainda em efervescência, após a abertura oficial do palco, com a Carvalhesa.
Os amantes do rock e da música moderna foram-se juntando, atraídos pelos sons que serviram de aperitivo, depois do almoço, para milhares de jovens e menos jovens que foram dançando e pulando entre apelos à revolução e elogios à Festa.
E foi pelos direitos humanos e em defesa da justiça social que, logo depois os Kussondulola fizeram, através do seu reagee, uma homenagem ao «Poeta do povo», António Aleixo.
As acutilantes letras de denúncia do trabalho infantil, da guerra, do egoísmo e de tantos outros defeitos decorrentes do sistema mundial actual deram motivos ao público para, ao som dos ritmos rastafari, celebrarem entusiásticamente a paz e o amor propagados pela banda que trouxe Prince Wadada e os Kalindukilo como convidados.
O calor que se sentiu nunca demoveu um vastíssimo público cheio de energia e vontade de folia que se encheu de entusiasmo para dançar, desta vez ao ritmo de Cabo Verde, com Tito Paris.
Um pouco antes de Tito, no espaço da imigração e após o almoço de catchupa e outras iguarias, muitos naturais dos países africanos de expressão portuguesa juntaram-se para seguirem para o palco e dançarem os ritmos da guitarra de Tito, aos quais não faltou também a dança tradicional e os trajes do arquipélago.
Seguiu-se um momento que deliciou as gerações amantes de rock. É que nunca, em Portugal, os Led Zeppelin tocaram ao vivo, mas os portugueses Led On interpretaram na perfeição os temas da banda britânica. Ver interpretados temas como Stairway to heaven foi, para muitos, a concretização de um sonho tornado realidade. Os Led On levaram o público ao rubro, mas havia ainda que poupar pernas para a banda seguinte.
Provenientes da Escócia, os Peatbog Faeris trouxeram toda a criatividade das novas gerações que executam magistralmente as típicas gaitas de foles das terras, vestidos com as tradicionais saias, chamadas kilts.
A esta hora já se sentia a estrondosa enchente de público que tornava difícil a deslocação e era já impressionante a moldura humana que acompanhava o espectáculo de folk que, quem viu, não vai esquecer tão cedo.
Depois das gaitas escocesas surgiu a possibilidade de notar as diferenças e semelhanças com as gaitas portuguesas dos Gaiteiros de Lisboa, os seus originais bombos e a colaboração do violino de Manuel Rocha, da Brigada Victor Jara. A nova música popular portuguesa percorreu a Festa e milhares dançaram ao ritmo do grupo.
Quando os Gaiteiros terminaram a actuação, a Festa estava cheia como um ovo. No passeio em torno do espaço relvado, frente ao palco, famílias com carros de bebé, idosos e jovens acotovelavam-se para não perderem pitada dos Xutos e Pontapés, que encerraram a noite com chave de ouro. Zé Pedro agradeceu aos construtores da Festa e afirmou que ela é a melhor do País, a que corresponderam dezenas de milhares de aplausos a confirmá-lo. Àquela hora era impossível vislumbrar qualquer espaço relvado ou pedaço de caminho, porque todos os espaços estavam à cunha, como se todo o povo tivesse decidido ir à Festa do Portugal de Abril.
Domingo
Coube ao Hip-Hop dos Yellow W Van, o início do terceiro dia de espectáculos. Com fortes letras de denúncia e critica social, os Yellow W regalaram a vista e os ouvidos, particularmente das novas gerações atentas às letras que abordam os problemas sociais que os afligem. Eram tantos ou mais os espectadores que, nas sombras envolventes ao recinto do palco, foram acompanhando os temas de apelo à luta contra as injustiças.
Mais calmo mas tão animados e contestatários como os primeiros foram os amigos da Festa e do Partido, de longa data, Navegante com os convidados Nancy Vieira e os Ó que som tem.
A música popular portuguesa fez vibrar um público conhecedor dos trabalhos do grupo, enquanto ondulavam cada vez mais bandeiras vermelhas com a foice, o martelo e uma estrela em amarelo, pronunciando o aproximar do grande comício do PCP.
Mas, antes do grande momento político de domingo esteve no palco a banda catalã, Obrint Pas, que fez a juventude render-se ao seu ska e reagee, numa mistura que, na Catalunha e Espanha, tem o nome de rabbiamufin.
A reivindicação do direito de todos os povos à sua autodeterminação e independência fez deste espectáculo uma antecâmara do comício do Partido.
Perante a euforia da juventude e os ouvidos atentos dos mais velhos foram homenageados os lutadores da liberdade de hoje e do passado, e não faltou uma interpretação em ska, da canção revolucionária italiana, Bella Ciao e de uma versão de Grândola Vila morena.
Ainda as gargantas estavam enrouquecidas pelo comício e entraram em cena os franceses Babylon Circus que, pela semelhança com a música tradicional da ex-União Soviética, fizeram muitos tentar ensaiar a dança russa misturada com ritmos da Europa dos anos 30.
A banda contagiou a plateia que já esgotava o recinto para ver e ouvir um espectáculo que primou pela boa disposição, alegria, e o constante apelo à dança.
A terminar três inesquecíveis dias com músicas de todo o mundo, Boss ACcom os convidados Melo D, Sam the Kid, Chulage, Diana, Bambino e B boys mostraram o que de melhor se faz por cá em RAP.
As letras foram cantadas em coro pelo público e Boss AC elogiou a Festa, recordando que foi no palco da juventude, em 1992, que deu o seu primeiro grande espectáculo. Terminou com uma interpretação de «Saudade», emblema de Cesária Évora, intercalando com letras em RAP, numa nova interpretação de um dos mais famosos temas de Cabo Verde.
Entretanto, no mastro de uma das bandeiras que circundava o relvado, um pai ensinava uma menina com cerca de um ano de idade a trepar, mão ante mão, mastro acima, e ela parecia não querer outra coisa. «Tens que aprender agora para, quando fores grande vires ajudar a montar a Festa», dizia-lhe o babado pai.
Após três intensos dias de folia, correria e dança, ainda houve mais do que suficiente energia para saltar e dançar ao som da Carvalhesa, dando vivas à festa e ao Partido que a promove. Para o ano há mais, diziam, abandonando o recinto e prometendo voltar.
Os amantes do rock e da música moderna foram-se juntando, atraídos pelos sons que serviram de aperitivo, depois do almoço, para milhares de jovens e menos jovens que foram dançando e pulando entre apelos à revolução e elogios à Festa.
E foi pelos direitos humanos e em defesa da justiça social que, logo depois os Kussondulola fizeram, através do seu reagee, uma homenagem ao «Poeta do povo», António Aleixo.
As acutilantes letras de denúncia do trabalho infantil, da guerra, do egoísmo e de tantos outros defeitos decorrentes do sistema mundial actual deram motivos ao público para, ao som dos ritmos rastafari, celebrarem entusiásticamente a paz e o amor propagados pela banda que trouxe Prince Wadada e os Kalindukilo como convidados.
O calor que se sentiu nunca demoveu um vastíssimo público cheio de energia e vontade de folia que se encheu de entusiasmo para dançar, desta vez ao ritmo de Cabo Verde, com Tito Paris.
Um pouco antes de Tito, no espaço da imigração e após o almoço de catchupa e outras iguarias, muitos naturais dos países africanos de expressão portuguesa juntaram-se para seguirem para o palco e dançarem os ritmos da guitarra de Tito, aos quais não faltou também a dança tradicional e os trajes do arquipélago.
Seguiu-se um momento que deliciou as gerações amantes de rock. É que nunca, em Portugal, os Led Zeppelin tocaram ao vivo, mas os portugueses Led On interpretaram na perfeição os temas da banda britânica. Ver interpretados temas como Stairway to heaven foi, para muitos, a concretização de um sonho tornado realidade. Os Led On levaram o público ao rubro, mas havia ainda que poupar pernas para a banda seguinte.
Provenientes da Escócia, os Peatbog Faeris trouxeram toda a criatividade das novas gerações que executam magistralmente as típicas gaitas de foles das terras, vestidos com as tradicionais saias, chamadas kilts.
A esta hora já se sentia a estrondosa enchente de público que tornava difícil a deslocação e era já impressionante a moldura humana que acompanhava o espectáculo de folk que, quem viu, não vai esquecer tão cedo.
Depois das gaitas escocesas surgiu a possibilidade de notar as diferenças e semelhanças com as gaitas portuguesas dos Gaiteiros de Lisboa, os seus originais bombos e a colaboração do violino de Manuel Rocha, da Brigada Victor Jara. A nova música popular portuguesa percorreu a Festa e milhares dançaram ao ritmo do grupo.
Quando os Gaiteiros terminaram a actuação, a Festa estava cheia como um ovo. No passeio em torno do espaço relvado, frente ao palco, famílias com carros de bebé, idosos e jovens acotovelavam-se para não perderem pitada dos Xutos e Pontapés, que encerraram a noite com chave de ouro. Zé Pedro agradeceu aos construtores da Festa e afirmou que ela é a melhor do País, a que corresponderam dezenas de milhares de aplausos a confirmá-lo. Àquela hora era impossível vislumbrar qualquer espaço relvado ou pedaço de caminho, porque todos os espaços estavam à cunha, como se todo o povo tivesse decidido ir à Festa do Portugal de Abril.
Domingo
Coube ao Hip-Hop dos Yellow W Van, o início do terceiro dia de espectáculos. Com fortes letras de denúncia e critica social, os Yellow W regalaram a vista e os ouvidos, particularmente das novas gerações atentas às letras que abordam os problemas sociais que os afligem. Eram tantos ou mais os espectadores que, nas sombras envolventes ao recinto do palco, foram acompanhando os temas de apelo à luta contra as injustiças.
Mais calmo mas tão animados e contestatários como os primeiros foram os amigos da Festa e do Partido, de longa data, Navegante com os convidados Nancy Vieira e os Ó que som tem.
A música popular portuguesa fez vibrar um público conhecedor dos trabalhos do grupo, enquanto ondulavam cada vez mais bandeiras vermelhas com a foice, o martelo e uma estrela em amarelo, pronunciando o aproximar do grande comício do PCP.
Mas, antes do grande momento político de domingo esteve no palco a banda catalã, Obrint Pas, que fez a juventude render-se ao seu ska e reagee, numa mistura que, na Catalunha e Espanha, tem o nome de rabbiamufin.
A reivindicação do direito de todos os povos à sua autodeterminação e independência fez deste espectáculo uma antecâmara do comício do Partido.
Perante a euforia da juventude e os ouvidos atentos dos mais velhos foram homenageados os lutadores da liberdade de hoje e do passado, e não faltou uma interpretação em ska, da canção revolucionária italiana, Bella Ciao e de uma versão de Grândola Vila morena.
Ainda as gargantas estavam enrouquecidas pelo comício e entraram em cena os franceses Babylon Circus que, pela semelhança com a música tradicional da ex-União Soviética, fizeram muitos tentar ensaiar a dança russa misturada com ritmos da Europa dos anos 30.
A banda contagiou a plateia que já esgotava o recinto para ver e ouvir um espectáculo que primou pela boa disposição, alegria, e o constante apelo à dança.
A terminar três inesquecíveis dias com músicas de todo o mundo, Boss ACcom os convidados Melo D, Sam the Kid, Chulage, Diana, Bambino e B boys mostraram o que de melhor se faz por cá em RAP.
As letras foram cantadas em coro pelo público e Boss AC elogiou a Festa, recordando que foi no palco da juventude, em 1992, que deu o seu primeiro grande espectáculo. Terminou com uma interpretação de «Saudade», emblema de Cesária Évora, intercalando com letras em RAP, numa nova interpretação de um dos mais famosos temas de Cabo Verde.
Entretanto, no mastro de uma das bandeiras que circundava o relvado, um pai ensinava uma menina com cerca de um ano de idade a trepar, mão ante mão, mastro acima, e ela parecia não querer outra coisa. «Tens que aprender agora para, quando fores grande vires ajudar a montar a Festa», dizia-lhe o babado pai.
Após três intensos dias de folia, correria e dança, ainda houve mais do que suficiente energia para saltar e dançar ao som da Carvalhesa, dando vivas à festa e ao Partido que a promove. Para o ano há mais, diziam, abandonando o recinto e prometendo voltar.