Capital da solidariedade
Num morro, logo que o visitante chegava à Festa pela entrada da Quinta da Princesa, oferecia-se-lhe o Espaço Internacional, com nobres sombras, muito apreciadas num fim-de-semana tão quente, e com inúmeros sons, cheiros, sabores e cores, originários dos cinco continentes e unidos num forte abraço solidário de povos, partidos e pessoas em luta contra o imperialismo, pela paz e pela justiça social, pela transformação revolucionária das sociedades.
Espaço Internacional
Como que a marcar a fronteira para a entrada nesta cidade dentro da festa-cidade, um mural reclamava para o Sahara Ocidental «uma terra para um povo». Lançando o olhar umas dezenas de metros adiante, destrinçava-se as cores de Itália, num pavilhão onde era dado destaque à solidariedade com Cuba. As boas-vindas eram dadas pelos rostos inconfundíveis de timorenses, que ali apresentavam artesanato do seu país e, no restaurante, não pararam de fornecer espetadas com molho de amendoim e tamarindo.
Atrás do balcão de um pequeno stand, onde se vendia cerveja alemã e se oferecia simpatia na língua de Brecht, um jovem magro e louro surpreendia-se a provar o luso algodão doce. Um pouco mais adiante, um uruguaio alto e de cabelo grisalho dava a provar chorizo criollo aos portugueses que se chegavam ao fogareiro, com dúvidas sobre a escolha do petisco. Ali ao lado, matrioskas e suas primas, obras de artesanato russo, lançavam coloridos chamamentos, do pavilhão da Associação Iuri Gagárine.
Não esgotaremos aqui a descrição do que tinham para o visitante da Festa as mais de duas dezenas de stands, bares e restaurantes do Espaço Internacional, da responsabilidade de outros tantos partidos e organizações não partidárias. Mas, a caminho da «América Latina em luta», escrita com letras grandes como os feitos de comunistas e democratas cubanos, venezuelanos ou colombianos, entre outros, não podemos deixar de assinalar que a cachupa cabo-verdiana conseguia calar, por alguns instantes, conversas acaloradas nas mesas do restaurante do PAICV.
Lado a lado, Brasil e Chile encimavam uma área latino-americana. Vendiam bebidas e petiscos, apresentavam cartazes do PT e de Lula e jornais de lutas recentes.
Os trabalhos em madeiras preciosas e outras peças de artesanato claramente africano diziam já que estávamos chegados ao pavilhão da Frelimo. «“Posso morrer feliz, porque sei que a revolução continuará.” Eduardo Mondlane» – lia-se na parede branca do fundo do stand.
Foi muito concorrido o pavilhão do artesanato da China. A presença do PCCh também incluiu a divulgação dos próximos Jogos Olímpicos de 2008, que decorrerão em Pequim. Não menos freguesia teve o restaurante. Aliás, nos restaurantes do Espaço Internacional o visitante só tinha duas dificuldades: escolher, entre tanta variedade, e esperar (nuns menos, noutros mais...) nas horas de maior movimento.
Outro caminho
Ao encontro do visitante que entrou no Espaço Internacional pela Quinta da Princesa, acompanhemos agora duas camaradas que vieram de um intervalo no Palco 25 de Abril. Desta perspectiva, o ponto de referência do Espaço Internacional é um autêntico monumento aos símbolos comunistas, a foice e o martelo, uma escultura de ferro que supera em pelo menos meio corpo um português de estatura acima da média.
A atenção divide-se.
O exotismo da Palestina, com artesanato, bebidas e petiscos típicos, realça sobre o fundo de um grande painel vermelho que nos afirma «solidários com a resistência dos povos», enquanto um topo negro exige «fim aos crimes imperialistas no Médio Oriente».
O super-som que vem de Espanha, no lado oposto, onde um grupo de jovens do PCE mantém vivo um ambiente alegre e quase de discoteca (com «decoração» bem diferente, entre cartazes, bandeiras, fotografias, folhetos, livros). Este acaba por chamar para um amplo «pátio», decorado com muitas bandeiras cubanas de papel, como por cá se faz nos santos populares. Aqui, a salsa de ouvir e dançar acompanha com mojitos, cuba-libres, daiquiris e boa cavaqueira.
Pode-se, por aqui, responder ao apelo do colorido artesanato peruano, no pavilhão de um partido que também se chama PCP, por ser comunista e do Peru.
Tome-se, com a multidão que vem da entrada da Festa, a direcção do monumento da foice e do martelo. E registe-se a afirmação de Fidel Castro, que se estende ao longo de uns vinte metros de painel, oferecido pelas traseiras do pavilhão de Cuba: «Esta noite milhões de crianças dormirão nas ruas do Mundo... Nenhuma delas é cubana.»
Subindo o morro do Espaço Internacional, lá vamos encontrar o visitante que seguiu outro caminho, sentado na plateia do Palco Solidariedade, a aplaudir um qualquer dos quinze espectáculos que ali tiveram lugar, nos três dias que durou a 30.ª Festa do Avante!. Foi aqui que se realizaram três debates, com temas que tudo têm a ver com solidariedade: «Por Timor… Livre, independente e soberano», «América Latina: Resistência e avanços progressistas» e «Contra o fascismo e o anticomunismo. Pela liberdade e a democracia».
Mesmo que por caminhos diferentes, elas e ele acabaram por se encontrar na capital da solidariedade.
Desde há 85 anos
No ano dos 85 anos de vida do PCP, o tema central do Espaço Internacional foi a afirmação de que, em todos os momentos da sua história, o Partido manteve activa solidariedade com os povos em luta.
Uma exposição, na praça onde estava instalado o palco, recordava alguns dos principais marcos da vida do PCP, mostrando como sempre recebeu solidariedade dos comunistas e progressistas de todo o mundo, sem deixar de cumprir as suas responsabilidades internacionalistas de solidariedade para com os povos em luta.
Um dos exemplos evocados foi o da luta contra a ditadura fascista e pelo direito dos povos das colónias à autodeterminação, objectivos em que se entrelaçou a solidariedade do PCP e dos movimentos de libertação nacional. O 25 de Abril, além de corresponder às aspirações do povo português e dos povos que ganharam a independência, acabou por ser um acto de solidariedade, porque representou um sinal de esperança para outros povos em luta.
Na exposição – onde se destacavam dois quadros de guerra, de Hiroshima, em 1945, e do Médio Oriente, nos dias de hoje – foi lembrado o empenho do PCP numa persistente acção solidária, até ao presente, terminando por apontar a importância que poderá ter o encontro de partidos comunistas e operários, que terá lugar em Novembro, em Portugal, para debater os desafios que a ofensiva global do imperialismo coloca aos trabalhadores e aos povos.
Atrás do balcão de um pequeno stand, onde se vendia cerveja alemã e se oferecia simpatia na língua de Brecht, um jovem magro e louro surpreendia-se a provar o luso algodão doce. Um pouco mais adiante, um uruguaio alto e de cabelo grisalho dava a provar chorizo criollo aos portugueses que se chegavam ao fogareiro, com dúvidas sobre a escolha do petisco. Ali ao lado, matrioskas e suas primas, obras de artesanato russo, lançavam coloridos chamamentos, do pavilhão da Associação Iuri Gagárine.
Não esgotaremos aqui a descrição do que tinham para o visitante da Festa as mais de duas dezenas de stands, bares e restaurantes do Espaço Internacional, da responsabilidade de outros tantos partidos e organizações não partidárias. Mas, a caminho da «América Latina em luta», escrita com letras grandes como os feitos de comunistas e democratas cubanos, venezuelanos ou colombianos, entre outros, não podemos deixar de assinalar que a cachupa cabo-verdiana conseguia calar, por alguns instantes, conversas acaloradas nas mesas do restaurante do PAICV.
Lado a lado, Brasil e Chile encimavam uma área latino-americana. Vendiam bebidas e petiscos, apresentavam cartazes do PT e de Lula e jornais de lutas recentes.
Os trabalhos em madeiras preciosas e outras peças de artesanato claramente africano diziam já que estávamos chegados ao pavilhão da Frelimo. «“Posso morrer feliz, porque sei que a revolução continuará.” Eduardo Mondlane» – lia-se na parede branca do fundo do stand.
Foi muito concorrido o pavilhão do artesanato da China. A presença do PCCh também incluiu a divulgação dos próximos Jogos Olímpicos de 2008, que decorrerão em Pequim. Não menos freguesia teve o restaurante. Aliás, nos restaurantes do Espaço Internacional o visitante só tinha duas dificuldades: escolher, entre tanta variedade, e esperar (nuns menos, noutros mais...) nas horas de maior movimento.
Outro caminho
Ao encontro do visitante que entrou no Espaço Internacional pela Quinta da Princesa, acompanhemos agora duas camaradas que vieram de um intervalo no Palco 25 de Abril. Desta perspectiva, o ponto de referência do Espaço Internacional é um autêntico monumento aos símbolos comunistas, a foice e o martelo, uma escultura de ferro que supera em pelo menos meio corpo um português de estatura acima da média.
A atenção divide-se.
O exotismo da Palestina, com artesanato, bebidas e petiscos típicos, realça sobre o fundo de um grande painel vermelho que nos afirma «solidários com a resistência dos povos», enquanto um topo negro exige «fim aos crimes imperialistas no Médio Oriente».
O super-som que vem de Espanha, no lado oposto, onde um grupo de jovens do PCE mantém vivo um ambiente alegre e quase de discoteca (com «decoração» bem diferente, entre cartazes, bandeiras, fotografias, folhetos, livros). Este acaba por chamar para um amplo «pátio», decorado com muitas bandeiras cubanas de papel, como por cá se faz nos santos populares. Aqui, a salsa de ouvir e dançar acompanha com mojitos, cuba-libres, daiquiris e boa cavaqueira.
Pode-se, por aqui, responder ao apelo do colorido artesanato peruano, no pavilhão de um partido que também se chama PCP, por ser comunista e do Peru.
Tome-se, com a multidão que vem da entrada da Festa, a direcção do monumento da foice e do martelo. E registe-se a afirmação de Fidel Castro, que se estende ao longo de uns vinte metros de painel, oferecido pelas traseiras do pavilhão de Cuba: «Esta noite milhões de crianças dormirão nas ruas do Mundo... Nenhuma delas é cubana.»
Subindo o morro do Espaço Internacional, lá vamos encontrar o visitante que seguiu outro caminho, sentado na plateia do Palco Solidariedade, a aplaudir um qualquer dos quinze espectáculos que ali tiveram lugar, nos três dias que durou a 30.ª Festa do Avante!. Foi aqui que se realizaram três debates, com temas que tudo têm a ver com solidariedade: «Por Timor… Livre, independente e soberano», «América Latina: Resistência e avanços progressistas» e «Contra o fascismo e o anticomunismo. Pela liberdade e a democracia».
Mesmo que por caminhos diferentes, elas e ele acabaram por se encontrar na capital da solidariedade.
Desde há 85 anos
No ano dos 85 anos de vida do PCP, o tema central do Espaço Internacional foi a afirmação de que, em todos os momentos da sua história, o Partido manteve activa solidariedade com os povos em luta.
Uma exposição, na praça onde estava instalado o palco, recordava alguns dos principais marcos da vida do PCP, mostrando como sempre recebeu solidariedade dos comunistas e progressistas de todo o mundo, sem deixar de cumprir as suas responsabilidades internacionalistas de solidariedade para com os povos em luta.
Um dos exemplos evocados foi o da luta contra a ditadura fascista e pelo direito dos povos das colónias à autodeterminação, objectivos em que se entrelaçou a solidariedade do PCP e dos movimentos de libertação nacional. O 25 de Abril, além de corresponder às aspirações do povo português e dos povos que ganharam a independência, acabou por ser um acto de solidariedade, porque representou um sinal de esperança para outros povos em luta.
Na exposição – onde se destacavam dois quadros de guerra, de Hiroshima, em 1945, e do Médio Oriente, nos dias de hoje – foi lembrado o empenho do PCP numa persistente acção solidária, até ao presente, terminando por apontar a importância que poderá ter o encontro de partidos comunistas e operários, que terá lugar em Novembro, em Portugal, para debater os desafios que a ofensiva global do imperialismo coloca aos trabalhadores e aos povos.